segunda-feira, 29 de outubro de 2012

peso morto


Sonhei que tinha perdido minha mala. Todas minhas coisas mais preciosas nas mãos de outras pessoas. Procurei, procurei, me prendia ao desejo de revê-la. Entrei em desespero ao imaginar que pudessem fuçar nas minhas roupas, perfumes e brincos. Tudo aquilo que representava alguma coisa: memórias, lembranças, sensações.

Mais tarde, percebi que não adiantava ter minha mala de volta, ela já havia sido corrompida pelos olhares alheios. Tiraram-me a mala e levaram metade minha embora. Eles corriam para alcançar o trem enquanto se livravam do peso morto. Eu também precisaria me libertar. Os sinais diziam que a leveza seria alcançada através da perda.

Como quem sabe exatamente as respostas, fiz o que precisava ser feito. Nem sempre as ações me faziam melhor, mas eram necessárias. 

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