terça-feira, 19 de janeiro de 2010

retorno

E de repente acordo e a vontade de colocar tudo em palavras se torna tão forte que me vejo prestes a explodir por tentar mantê-las dentro daquele pequeno espaço. Se não fossem memórias, talvez o local não fosse minha mente. Se não fossem lembranças, talvez não fosse tão difícil recordá-las. Se não fosse realidade, talvez não doesse tanto.

Mais uma vez guardei as para mim, com medo do caminho que tomariam ao deixá-las escaparem e me guiarem. O passado foi tortuoso e ainda sinto as cicatrizes em certas palavras. No meio de um filme, uma música, um livro. Certas frases acompanham a repentina coragem. Não se esquece como escrever, apenas impedimos que realidade e ficção se misturem . Por isso o tempo e não a falta de capacidade.

Esperei por um momento que pudesse despejar tudo o que se enrola e se confunde aqui dentro, adiando o momento sempre que ele pareceu oportuno. Culpei os detalhes. Enfim, me entrego a persistência da vontade e enquanto escrevo o peso se desfaz. Desaparece junto às lágrimas que guardadas me faziam forte. A fraqueza é tão mais honesta.

Os intervalos serviram para amadurecer idéias, ou melhor, calar aquelas que não deviam ser ouvidas. No calor da batalha é mais fácil ferir. Chega de cicatrizes pra mim. Me calo diante dos fatos e escrevo frente a recusa. Um dia sim, muitos outros não, assim funcionou. Continuo culpando a racionalidade e acreditando que dessa forma é mais simples. Ou deveria.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

(republicado) das coisas esquecidas

Eu preciso te contar o quanto me entristece ser sempre a culpada pelas burradas. Ter que pedir desculpas a cada erro. Levar a culpa pelo nosso bem, por nós, e nunca ouvir nada além do silêncio. Me entristece o modo como você deixa tudo chegar ao limite, antes de discutir, e não sabe conversar sobre os problemas antes que eles se tornem inevitáveis.

Ao final de toda discussão, eu me preparo para escutar o fim, porque você eleva tudo ao máximo, como se não houvesse outra saída, como se não adiantasse conversar no ponto em que as coisas chegaram. Você deixou chegar. Eu sou sempre pega desprevenida. Porque, como eu canso de dizer, minha cabeça funciona de outra forma. E você - tento eu não acreditar - jamais entenderá isso.

Me entristece, me chateia. Só porque eu gosto demais.

15 de janeiro de 2009