segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Daquilo que nem sempre é verdade e às vezes pode não ser inventado

Eu tenho medo, sempre tive. Acho que esse sempre foi um dos principais problemas. Lembro da vez que, ainda garotinha, ele disse que me beijaria no dia seguinte na escola; faltei uma semana seguida e chorei por ter que voltar a ir. Ou daquela vez que tinha tudo para da certo. Garoto bacana, uma graça, todo atencioso. Ele disse que pegaria o carro dos pais sem que eles soubessem para poder ir me buscar em casa e sairmos. Acabei com ele antes que chegasse o fim de semana. São essas pequenas auto-sabotagens que denunciam todo meu medo. As histórias continuam, o garoto que me chamava de sereia e usava colares de sementes, dispensado depois de me convidar para comer pizza com os amigos; aquele outro que eu disse não poder encontrar porque precisava ajudar meu pai a pintar as paredes do meu quarto; ou ainda aquele que me trouxe flores e eu agradeci com um beijo no rosto e corri para terminar de assistir o jogo de futebol da Copa. Pequenas sabotagens, medos desmotivados ou apenas pessoas erradas?

O amor é para os corajosos.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

bottom shelf

Te quero para me chamar de sua garota. Passear de mãos dadas enquanto sorri de canto ao me observar. Te ter ao meu lado quando sinto medo de lugares estranhos ao anoitecer ou fico angustiada porque estou atrasada para o trabalho. Te ter para dividir o café na mesma xícara porque queremos e não porque estamos com pressa. Assistir àquele filme tão esperado e nos surpreender por ele ser tão ruim e depois brigarmos por causa de algum detalhe que te passou despercebido e eu pensei ser a chave de tudo. Sentar ao pôr-do-sol sobre o lençol enquanto o mar se agita e a fumaça do cigarro deixa seu contorno pouco nítido. Terminar essa mesma noite com seu corpo para me aquecer e seus beijos a confirmarem todo o amor que existe ali. Te quero para me amar, para que eu possa amar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

if you don't like me, let me go

Ensina-me a ver o novo, enxergar através do que é me posto, perceber aquilo que nem todos me mostram. Aja com coragem, tenha atitude e admita o que é. Os erros cometidos no passado sempre te acusarão no presente. É a sua consciência que não percebe. Pobre garoto, perdido entre seus próprios pensamentos, todos errados. Tentando se encontrar em bocas alheias, mãos e braços daqueles que ousam te querer. Para no momento seguinte se perder novamente e destroçar corações pelo caminho que mais uma vez errou. Sabendo que teu caminho será sempre esse, que o que você faz te leva até ali e que ninguém corrigirá teus erros enquanto a vida não te ensinar a agir novamente. E acredite em mim quando eu digo: a vida não é feita de repetições. Talvez na próxima curva a estrada esteja bloqueada.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ondine

I'm sitting with you
Sitting in silence
Let's sing into the years, like one...

Como em contos ele apareceu. Encantando, embora os papéis estivessem invertidos. Em sua defesa eu precisei combater demônios. Usei das minhas armas mais letais, aquelas nunca antes reveladas em juízo perfeito. Em minha guerra particular ele era mero coadjuvante e, ao mesmo tempo, razão de tudo. Motivo justo, imparcial e perfeito.

A longa jornada foi cumprida, tão comprida. Por anos prometi o contrário e fiz das minhas verdades nosso ideal. Se tivéssemos cavalos teríamos cavalgados juntos pela praia. Como em uma cena brega ao pôr-do-sol. E disso, nada nos importaria. A não ser o toque suave dos lábios como recompensa para aquele momento.

Minha coroa de flores não vieram de fadas. Mas ele trouxe o buquê que enfeita a mesa da sala. Eu sempre preferi os lírios. Seu perfume. E ao me procurar pelo salão, ele seguia o brilho do arrastar de meu vestido. O toque da seda era tão suave quanto suas mãos acariciando meu rosto.

Como sonho. Tão irreal. Às vezes imaginado. Sempre verdadeiro. A vida seguia.

domingo, 26 de setembro de 2010

salva

A imagem me trouxe a lembrança.

Escolhi o jardim ao acaso, para ouvir músicas e o som da minha risada. Tudo começou com as flores. Brancas, rosas, amarelas. As cores me cercavam e me deixavam em paz. Me certifiquei do dia, ainda era hoje, mesmo sendo tarde. Sentei e cruzei as pernas a espera das sensações.

Em alguns segundos me ouvi sorrindo. Ao meu lado eles sorriam também. Sem motivos aparentes eles me mostravam a felicidade passageira. Instantes de alegria sem sentido. Compartilhei aquele momento. Meus pés sentiam o gramado, me livrei de minhas meias. Era felpudo, como um tapete.

Quis levantar, me mexer, dançar, mergulhar no silêncio. Mas havia música e ela invadia minha cabeça. Continuei sentada e esperei que a paisagem se acalmasse. Esperei o sorriso cessar. Os motivos continuavam não fazendo sentido para mim. Julguei a idéia inicial de estar ali, tudo acabaria logo e seria somente mais um momento.

Quis voltar para o plano inicial. Aproveitar a rotina de sempre, a mesma natureza que me trazia paz. Não tive forças para me sugerir outra idéia e continuei sentada. Em vez de me tranqüilizar, o ar pesava sobre mim e me sufocava a cada respiração. Minha cabeça tombava para os lados e por alguns segundo desacordei.

O pesadelo espreitava na mente para tomar conta de mim. E então aconteceu. O desespero de estar presa em outro lugar. Eu caminhava e me via cercada. Elas riam. As flores. A cerca. A felicidade delas me assustava. Suas cores embaralhavam minha vista e eu continuava perdida. Não consegui abrir os olhos, algo me impedia de ver o resto do caminho. Eu andava em círculos enquanto o mundo pendia e a gravidade me fazia cair. Me agarrei às paredes da sala do sonho enquanto tudo era arrastado. O gosto doce me deu nojo, me ofereciam a bebida delas. Era pólen, era mel.

Dei passos na realidade, que voltava aos poucos a ser um vislumbre. A cada imagem do espaço que eu ocupava minha alma se despedaçava. Tão ruim quanto o pesadelo era a realidade que me aguardava. Tristeza, pavor, insegurança, medo. E eu chorava. Compulsivamente. Sem que nada pudesse me acalmar. Senti toques, palavras. Mas ainda estava longe para voltar.

As lágrimas escorriam e eu estava deitada na cama. Ao abrir os olhos enxerguei a cabeceira e percebi que estava ali. O pesadelo tinha acabado e eu me encontrei despedaçada no fim da viagem. Enquanto meu coração batia, bombeava todo tipo de desgraça para minha mente. As memórias me desnortearam. Segura, perdi o rumo da minha vida. O pesadelo me fez tropeçar.

Tudo continuava ali. Eu estava sentada e as flores me rodeavam. Bastava de natureza. Acendi alguns cigarros enquanto recobrava a consciência. Mas algo estava faltando. Eu me faltava. Aquilo que levei tanto tempo reconstruindo, novamente estava exposto. Agora, sou obrigada a enterrar novamente o velho jardim e replantar as flores novas. Me forço a ver suas cores e planejar seu futuro. Meu futuro.

A viagem me afastou de mim. Volto aos poucos ao ponto inicial. E temo os jardins pelas lágrimas que me cobraram, pelo passado que me exigiram e pelas charadas que temo decifrar um dia.

*Takashi_Murakami_Killer_Pink

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ódio vago, vago ódio

E que se fodam você e suas virtudes. Vá pro inferno com sua falsa segurança e as palavras que ousa dizer a cada vez que os limites são ultrapassados. Minhas barreiras caem e só há lágrimas aqui para se ver, nenhum sentimento a constatar. Como queria eu saber que metade do teu vago discurso serviria para me apunhalar na primeira oportunidade, cuspido na minha cara como quem pediu para que isto acontecesse. Santa ingenuidade, fruto da ignorância de poucos amores, tempo gasto e dedicação. Lixo, jogue tudo fora junto da podridão que carrega em teu coração, só assim me sentirei livre do teu poder sobre mim, das tuas mãos a minha procura e da memória do teu rosto, que por tantas vezes significou algo em que eu acreditava. Dissolva tuas dúvidas, coloque um fim. Antes que seja tarde demais para isso e você vire novamente o cretino que eu relutei em acreditar que você algum dia tenha sido.

domingo, 15 de agosto de 2010

and when i'm alone

Eu tenho medo de escrever. De transforma em letras os pensamentos e me decepcionar com o resultado. Ando não sentindo nada. O vazio de sentimentos, vontades e gosto. Perdida naquele mar de referências e opiniões que me dividem, me fazem pensar e decidir meu rumo. Mas, antes de tudo, o que me preocupa é o não sentir.

Enquanto tudo acontece, pessoas passam, universos inimaginados se aproximam, conversas no frio e cigarros são compartilhados, a vida parece ir passando. Meus altos e baixos são planos e correm calma e lentamente cruzando o fundo quadriculado em direção a lugar nenhum. Só a mesma reta e som que me levam a lugares conhecidos.

Músicas, cheiros, gostos. A mistura enriquece minha alma. Minhas mãos continuam frias a maior parte do tempo. As unhas sempre coloridas. Os mesmos problemas, as nem tantas qualidades. Procurei por esse momento e tive medo de vê-lo chegar. Agora danço lentamente ao som de novos acordes.

Eu estava errada.

(and when i'm alone with you) you make me feel

And when the phone rang and I thought it was you and I sprung like a kid who just got out of school but its almost, always never you, never you. I scream like child, my insides when woah

Você me faz sentir. Quando eu estou sozinha com você, me faz sentir única. Quando está por perto, minhas mãos a sua procura buscam segurança. Aos seus toques, eu sinto. Você é aquele.

Que me faz sorri dançar me abraça e me guia ao som da tua voz brinca com meus cabelos enquanto me quer foge quando eu quero sabe se aproximar se afastar sussurra ao meu ouvido frases que só eu entendo se ilumina na sombra dos meus passos direciona meus caminhos. Me quer e quer.

Meu bem, me faço de crianças e pinto tuas cores na tela em branco e ao sonhar te vejo em meu quarto esperando pelo beijo. Que sempre chega ao pedido mais envolvente. Como resistir?

Não faço sentido em sua cabeça? Me deixe imaginar que sim.

terça-feira, 22 de junho de 2010

cold water

- Oh, God, why weren't you there, in Vienna?
- I told you why.
- Well, I know why, I just - I wish you would have been. Our lives might have been so much different.
- You think so?
- I actually do.
- Maybe not. Maybe we would have hated each other eventually.
- Oh what, like we hate each other now?
- You know, maybe we're - we're only good at brief encounters, walking around in European cities in warm climate.


Às vezes acho que seu excesso de segurança é minha culpa. Te faço certo demais dos seus sentimentos, te deixo por demais a vontade com os meus. Penso que deveria agir diferente, deveria ser uma inconstante na sua vida, te fazer infeliz, incerto e apaixonado. O amor simples e fácil se perde com o tempo, a paixão te devoraria e te faria se esforçar. Será? Ainda custo a acreditar.

É necessário ir tão longe para que você seja capaz de provar o mínimo de amor que sente por mim? Mínimo, que palavra deprimente. E, no entanto, é a única que consigo encaixar na situação, na nossa situação. Não desejei que fôssemos esse casal e que detalhes patéticos me fizessem tão triste. Pois toda a sua confiança só se reflete como fraqueza em mim. E enquanto sou obrigada a ser forte e perseguir tentando e me esforçando, te vejo decair dia após dia.

Fico triste, me revolto com a situação, e para quê? Meia dúzia de palavras trocadas, uma porção de lágrimas e meus erros surgindo como foco da discussão em que eu pretendia ser dona, verdadeira, mas que novamente foi usurpada pelo seu senso de direção.

Pobre garota fadada a se afogar em suas próprias palavras antes que possa fazê-las serem ouvidas. Dia após dia, acumulando frases, pensamentos e dúvidas.

(Antes do fim.)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

dogma

I blame everyone else, not my own partaking
My passive-aggressiveness can be devastating
I'm terrified and mistrusting
And you’ve never met anyone
as closed down as I am sometimes

Sabe aquela música? Já a ouvi tantas vezes, sempre achando que ela faz todo o sentido. Porque é bem por ai, eu posso ser o que você quiser, eu sou o que eu quero, nos momentos que eu quero, e posso também ser aquilo que você não quer. Posso ser a vadia maior e chutar os seus móveis enquanto grito mil palavrões por você não ter feito do modo como eu pedi. Posso ser a garota mais carinhosa e passar horas deitadas ao seu lado sentindo seu cheiro ao te observar.

Sou daquelas briguenta quando mexem com meus amores, daquelas mandonas quando há injustiça naquilo que vejo, daquelas insanas que não medem as palavras só para te ferir e te deixar mal. Mas... posso ser doce e ouvir sobre seu dia enquanto te preparo um café e dividimos o cigarro. Posso chorar a cada vez que me acho errada e não consigo me expressar. Sou orgulhosa, isso sempre foi um problema. Assim como também foi um problema deixar de ser. Me perdi quando assim o fiz. O tenho de volta, meu orgulho, agora.

Posso discutir economia, política e filosofia, expressar todos os meus pontos de vista, concordar, discordar. Posso pular de alegria ao ouvir uma música nova que me surpreenda, posso tecer mil elogios para aquele seriado ou filme bobo que vi noutro dia, querer correr para o shopping e aquietar meu lado consumista que às vezes aflora, apesar do peso na consciência e arrependimento póstumos.

Eu grito, falo baixo, choro e rio. Tudo em questão de segundos. Posso te mimar ou te ofender, dependendo do que você preferir, se é que me entende. Você poderá me usar ou não, às vezes eu também gosto de opções (na maioria das vezes não, levo tempo demais para me decidir).

E você continuará me escolhendo no final. Assim ou não. Desse jeito ou outro. Porque essa sou eu e assim você me verá, sempre, e aceitará. Com ou sem biscoitos na cama. Com ou sem meu corpo no seu. Com ou sem meu cheiro nos seus dias.

Assim será.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

cross-eyed-bear


If you push me I'll fall,
If you pull me I'll drown,
If you're gonna be nailin' me down,
I won't rise again

E eu quero que você se lembre
da parte que não pôde mudar em mim
Porque quando eu me fui, você me pediu que voltasse
Quando eu mudei, você disse que não era o que queria
Quando eu me vi sem rumo, você não estava lá para me guiar
Eu me perdi sem ninguém que me procurasse.

Você me arranhou, levou pedaços embora, desfez minha alma
Minha força se fez fraca, e a lua não me fez sã
Na suas molduras eu me via diferente, indiferente
Sua mente me desenhava enquanto suas mãos traçavam o contorno
As cores vinham das minhas palavras
E mais uma vez apaguei aquela lembrança.

Enquanto esperava poder levantar novamente.

Porque eu não sou Deus. E nem sua.

cut that city

Ela entrou no quarto, andou até a beirada da cama e se sentou. O barulho que vinha de fora chamou sua atenção por alguns segundos. Carros passando, pessoas falando, uma cigarra cantava. E em um segundo entrou em transe. Por que vivia aquela mentira? Por que se deixou levar? Porque permitiu que toda sua vida mudasse de rumo por um sentimento tão devastador, fraco, imediato?

Eram 3 horas da manhã. O silêncio tomava conta do espaço. Cada vez menos carro, menos pessoas falando e o mesmo som contínuo do canto da cigarra. Seus pensamentos ferviam. Ela parava para tomar fôlego antes de se afundar novamente no mar de emoções. Raiva, tristeza, amor, paixão. Onde ele estaria a essas horas? Novamente ele preferiu fugir a se despedir de mais um amor inacabado.

Antes fosse ela quem tivesse se desculpado pelos erros cometidos. Antes fosse ela quem tivesse desistido. Agora restava a dor, acompanhante da solidão. O canto da cigarra parou. Sua cabeça tombou contra os travesseiros. Os olhos fechavam enquanto as lágrimas escorriam. Era o fim de um momento. Como tantos outros momentos. Como tantos outros que mentem. Ela mentiu, se enganou e dormiu. Acordou preparada para uma nova verdade.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

dreamscape

Entre sem bater. A porta estará sempre aberta para você;
Me diga o que sente, falo em cores enquanto vejo tuas cinzas;
Perceba meu olhar, eu estive em silêncio por todo esse tempo;
Você não será rei da minha vida enquanto se mantiver escondido.

Sozinha eu deito e observo os sonhos se construírem;
Só há um com quem minha jornada teria fim;
Estarei de volta logo que me perder e te ensinar a me procurar;
Me encontre e terá suas respostas, teus direitos sobre o que é
Seu. Sua.