segunda-feira, 28 de julho de 2008

perdão

E então ele apareceu, entrou pela porta sem anunciar e a encontrou de costas, em pé ao lado da mesa, observando a correspondência do dia. Sabia que a noite anterior tinha sido um erro, e que desculpas não adiantariam. Indo direto ao seu encontro a abraçou, sentia o perfume de seu cabelo, o mesmo perfume que por tantas vezes o acalmou enquanto dormia. Os braços a envolviam sem deixar que ela se movimentasse. Depois de alguns segundos, desceu os lábios até seu pescoço, e quando a tocou, sentiu a pele gelada e os arrepios que percorriam o corpo dela. Caberia a ela afastá-lo ou levar seus atos às ultimas conseqüências. Virou a de encontro para si e, antes que as bocas se encontrassem, colocou as mãos por debaixo de sua blusa enquanto fixava os olhos nos dela. Sentiu sua pele, envolveu sua cintura, tocou seu colo desnudo e percorreu o restante do corpo com as mãos, pousando-as em seu quadril. Percebeu o quanto sentia-se atraído pelo seu toque aveludado e o perfume impregnado no suor. Puxou a para mais perto e os lábios se encontraram, o calor do beijo se fez sentir nas unhas que arranharam suas costas, eram as mãos delas que agiam agora. Talvez o perdão tivesse sido aceito, talvez fosse só o início de seu castigo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

ps.

O som da música a fazia sorrir, atravessando a rua ousava fechar os olhos e saltar pelas calçadas. Quem a via, pensava estar assistindo à gravação de um comercial. O colorido de suas roupas sempre chamou atenção dos atentos e desatentos, as cores de sua alma sempre atraiu aqueles que sabiam valorizar a alegria tão explicita.

Cantando e dançando ela vivia. Fazia da vida um espetáculo, ao qual paravam para observar e admirar.

Sempre soube seduzir desprentesiosamente seu público.
Sempre soube seduzir.

Eu, seu público.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Do 1º ao 2º

- Oi.
- Hey, opa, como você tá? Tá melhor?
- É, tô melhor sim. Viu, obrigada por ontem, nem tive tempo de agradecer.
- Agradeceu, acho que sim, afinal um beijo é um bom agradecimento, lembra?
- Agradeci? Não! Foi você quem me beijou.
- Achei que tivesse sido ao contrário, ou você quisesse. Não pareceu só um agradecimento. Enfim, você me beijou.
- Como assim? Tem certeza? Me desculpa.
- Não precisa se desculpar. Eu gostei.
- Gostou?
- Gostei. Eu sentia que havia algo diferente entre nós dois.
- Eu também. Sabe, não queria que fosse naquela situação, mas... é que eu gosto de você, me sinto bem com você.
- Mas você me deixava em dúvida. Tantas reações indecifráveis. Verdade, é?
- Juro, é sério!
- Talvez eu esperasse pelo beijo. Certamente eu o queria tanto quanto você.
- Ué, mas porque não me disse antes?
- Porque viver dizendo tudo?
- Porque não tomou uma atitude?
- Coragem. Falta dela. Ou medo. Ou qualquer coisa que viria junto com a coragem.
- Pfff, coragem? Não vem com essa, todos usam a mesma desculpa.
- Porque essa cara? Não gostou da realidade?
- Claro, fiquei decepcionada.
- Espera, vamos consertar e lembrar depois?
- Como assim consertar?


Complementando o texto original. Diálogo montado em parceria com ela.