domingo, 18 de maio de 2008

fingidor

(A fez entender que cumplicidade pode vir além da amizade, que atenção e carinho podem não dar nojo e que contato demasiado as vezes se faz necessário.

Seu corpo pedia os toques e lábios. O abraço a preenchia e os olhos fechavam instintivamente, buscando sentir melhor. O planejar das horas se tornava incoerente e os minutos corriam e competiam com a vontade de reaver o tédio ao seu lado.

No entanto...

... deixou cicatrizes no caminho que fugiu da retiliniedade, desfez certezas, abalou a confiança. Enganou-se pensando que a confusão lhe pertencia: ela compartilhou do mesmo mal. Os estilhaços incomodaram e, a ela, que não é poeta, nem sabe fingir, só restou a dor.)

quarta-feira, 7 de maio de 2008

p&b

No céu vi o reflexo da dor que me atordoava o peito. O dia amanheceu nublado, com nuvens cinzas e previsão de chuva. A mesma escuridão que havia dominado minha noite ao te ver sair. A mesma água que se fez cair, quando as primeiras lágrimas chegaram aos meus olhos.

Passei a manhã remoendo as lembranças anteriores. A briga, os gritos, o amor, a partida. Só então percebi a tristeza do anoitecer sem você, da cama sem seus toques, dos suspiros sem sua voz. A tarde me enganou, pensei ter vivido um dia noturno.

Hoje o sol se escondeu de mim. Você levou a luz junto com minha sanidade. Rodeada pela noite, esperei-a chegar. Como se ao abrir a porta do apartamento apagado, pudesse enxergar o brilho do seu olhar. E tudo voltasse a ser como antes, claro.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

não eu.

Meu querido, saiba que as palavras se enroscam em meu pensamento, me engasgam e bloqueiam a mente, que meu silêncio é carapuça, esconderijo dos sentimentos que tanto prezo e recuso entregar.

Saiba que a proteção me enfraquece, mas falta coragem para usar a voz. São frases inteiras, textos prontos, tudo prestes a ser cuspido, pois já não suporto mais o gosto amargo de palavras tão doces. Foi assim que as planejei, doces, e em certo momento elas se perderem em meu calar, se recuaram em minha cabeça, escolhendo atormentar o presente com lembranças de cenas inexistentes.

Aguarde, meu querido. O tempo há de vir, as palavras chegarão. Me livrarei da covardia e te entregarei o que é teu por direito, as farei mais belas que nunca. Meus sentimentos, minhas palavras, minha inspiração, meu você.

ass.: ela,